Eu gosto de pessoas que são involuntariamente fofas. Como meu vizinho, um senhor grisalho que quando cumprimenta te olha nos olhos, pergunta como está e espera de verdade a resposta. Vez ou outra elogia, sempre com respeito e sinceridade. Aliás, a primeira vez que notei seu dom de ser fofo foi assim: quando saía de casa, ele dizia à minha faxineira que ela estava bonita com aquela roupa e que era sempre muito simpática. Nunca tinha visto uma pessoa negra ficar avermelhada, mas adorei o sorriso sem graça e orgulhoso que ela não conseguiu esconder. Desde então, sempre que encontro com ele de manhã, sei que é o início de um bom dia.
Nessa última vez, segurei a porta do elevador enquanto ele se despedia da esposa. Ele agradeceu e emendou algum comentário sobre o início da semana – sem saber que eu estou desempregada e os dias agora têm o mesmo peso. Apertou o botão para descer, conferiu se tinha tudo de importante em mãos e não disse muita coisa, mas sorriu. E antes de sair pela porta, me deixou seu “Que você tenha um dia feliz”. Sorri de volta e desejei o mesmo, de coração. Agora não era só um bom dia pela frente, mas sim aquele dia: feliz.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Conversa de elevador.
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