sexta-feira, 18 de março de 2011

Os meus que podiam ser seus

Tem coisas que eu não conto para ninguém. Nem para você. Segredo? Não. Eu até queria contar, mas não saberia como. Se pelo menos desse para fotografar esses pensamentos atrapalhados que apostam corrida, passam a perna um no outro e de vez em quando causam alguns capotes, seria mais fácil te mostrar. Mas palavras não, ah não. Não funcionariam. Se eu bem conheço, elas iam dramatizar demais o que não tem drama ou arrancar alguma sutileza daquilo que é mais grosseiro, pesado, cinza. E assim não, tinha que ser exatamente como é. Cru, sem tradução.

Mas se você pudesse ser uma celulinha besta, se entrasse pelo meu sangue, se chegasse no meu cérebro e de repente trombasse com um ou outro desses meus pensamentos triatletas, aí sim. Ia ser imediato. De repente, essa esquisitice que é só minha seria sua também. Por pura osmose.

E aí a gente nunca mais precisaria não falar sobre isso porque tudo já estaria lá. De vez em quando, nos momentos de silêncio, ia passar correndo pelos nossos olhos um segundo antes de a gente piscar, mas quando as pestanas se levantassem de novo, já teria ido embora. Que nem um sonho bom que desperta você no meio da noite deixando a dúvida se foi sonho mesmo. Enquanto pensa, você vira o corpo para o outro lado da cama e deixa o sorriso ir se desmanchando sozinho. O sono vai reabrindo suas asas coloridas. Devagarzinho, é dia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amiga, peruitcha....vc tem o Zirevs!!! Li, me deliciando, seus textos....alguns que eu mesma poderia ter escrito por estar tao perto do meu jeito de pensar, outros simplsmente abriram portas que tinham a fechadura meio enferrujada...mas todos me trouxeram um sentimento muito bom. Obrigado por compartilhar...agora a Rita tb eh minha e eu tenhos algumas delas aqui a minha volta...pro David ratos de asas, pra mim, agora Ritas gorduchas e gulosas, como eu !! ehehe Bjs e muito $uce$$o! Shahar

Fábio Cunha disse...

Muito lindo o texto.

Eu te amo, Tete.