Nunca tinha visto aquela moça atrás do balcão da padaria. Pele branca e bochechas rosadas, como o pessoal do sul normalmente tem. Quando pedi meus quatro pãezinhos, ela mordeu os lábios por um segundo, olhou de relance os poucos que restavam atrás dela e finalmente me disse, com voz de conforto, que o pães fresquinhos já deviam estar chegando. Se eu pudesse esperar.
Antes que eu pensasse no que responder, lá veio outra moça trazendo um cesto enorme de vime. Barulho das cascas torradinhas caindo uma sobre as outras. Cheiro da massa quentinha e vontade de mergulhar em uma piscina de pães.
Sorri e comentei com a moça das bochechas que era a segunda vez que isso acontecia comigo naquela semana. Foi com a maior naturalidade do mundo que ela respondeu: Que felicidade! Vou torcer para a senhora sempre dar sorte assim.
Felicidade era ouvir alguém desejar tão pouco com tanta honestidade. Sorte era ser domingo.
Felicidade e sorte embaladas num saco de papel marrom.
Um comentário:
Ká, tudo bem que eu tô de tpm, mas a singeleza do seu texto e da atitude da moça da padaria quase me fizeram chorar.
Essas coisinhas assim é que fazem do Brasil um país tão mágico e especial. Não são as praias, nem as florestas, nem o tamanho. São as pessoas!
Adorei.
Beijos,
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